Vitiligo é uma despigmentação crônica que afeta 0,5% a 2% da população. Nesta disfunção de pele, o sistema autoimune da pessoa entende que os melanócitos, as células que produzem a melanina, são inimigos e acabam destruindo essas células.
A falta de melanina leva a uma menor proteção, principalmente contra os raios UV (ultravioleta), pois sabemos hoje que a principal função da melanina é proteger a pele contra a radiação eletromagnética. Embora existam hipóteses que o mesmo sistema autoimune que destrói os melanócitos, também iniba o desenvolvimento de melanomas. Em contraste, existem publicações que reportam aumento de câncer do tipo não melanoma em pacientes com vitiligo.
Pessoas com vitiligo geralmente são alertadas sobre os riscos da exposição solar, mas pouco se sabe sobre os seus hábitos, crenças e conhecimento sobre como se protegem.
Novo estudo
Um estudo feito pelo Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Trabzon, na Turquia, avaliou entre 2018 e 2019, 153 pacientes com vitiligo. Vejam abaixo os achados.
Os resultados mostraram maior prevalência de uso de protetor solar com FPS alto entre pacientes com vitiligo. Pacientes são mais propensos a permanecer na sombra entre 11h e 16h no verão, quando comparados com a população em geral. Taxas de protetor solar e o uso de chapéu de aba larga é maior.
Quase metade dos pacientes acreditava ter risco aumentado de câncer de pele por causa de sua doença. Outros estudos relataram conclusão semelhante e ainda relataram ansiedade severa devido ao medo de câncer de pele entre pacientes com vitiligo, e determinaram que alguns pacientes evitavam totalmente o sol. Inesperadamente, estudos epidemiológicos da associação entre vitiligo e câncer de pele determinaram um risco reduzido de câncer.
O vitiligo está associado a alteração do gene TYR, que codifica a tirosinase, uma enzima essencial na síntese da melanina.
Apenas um dos pacientes tinha histórico de câncer de pele, e em estudos anteriores também não observaram aumento da incidência de câncer de pele em pacientes com vitiligo.
Foram analisados os hábitos de proteção solar em termos de idade e as taxas de mudança de hábitos de férias após o diagnóstico, uso de proteção FPS 50, uso de chapéus de aba larga, óculos escuros e roupas de mangas compridas foram todas maiores acima dos 18 anos, enquanto o uso de protetor solar foi maior entre aqueles com menos de 18 anos.
Efeitos psicológicos como constrangimento, falta de autoconfiança, ansiedade social, perda de autoestima e prejuízo na qualidade de vida são bem conhecidos em pacientes com vitiligo.
Pacientes relataram ter problemas significativos na exposição da pele despigmentada e, portanto, sentir necessidade de se cobrir, mesmo em dias de calor.
Tratamento com microagulhamento
Vejam que interessante, recentemente, uma revisão avaliou os estudos usando microagulhamento em conjunto com outras terapias no tratamento do vitiligo e a conclusão foi que o procedimento é uma técnica segura e eficiente no tratamento do vitiligo. Assim, pode ser uma alternativa de tratamento para o vitiligo, principalmente quando o paciente é resistente a terapias convencionais.
Fica a dica para que profissionais habilitados se especializem nessa técnica para auxiliar os pacientes com vitiligo.
Lembrando que esse artigo é exclusivo para Profissionais da Saúde, se você está lendo e não é, procure um Especialista.
Abraços
Lucas Portilho
Referências
Salloum A, Bazzi N, Maalouf D, Habre M. Microneedling In Vitiligo: A Systematic Review. Dermatol Ther. 2020 Sep 17:e14297. doi: 10.1111/dth.14297. Epub ahead of print. PMID: 32940387.
Baykal Selçuk L, Katkat E, Aksu Arıca D, Yaylı S, Bahadır S. Sun-protection habits and knowledge of patients with vitiligo. Acta Dermatovenerol Alp Pannonica Adriat. 2020 Mar;29(1):7-10. PMID: 32206816.
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